Nota Abicom 010/2020

Precificação do óleo diesel no mercado doméstico

 

As recentes notícias de avanços nas vacinas contra a Covid-19, com expectativas de recuperação da mobilidade e, consequentemente, retorno aos patamares de consumo de combustíveis, trouxeram otimismo ao mercado de petróleo, com forte valorização das cotações. Os futuros do Brent, que abriram este mês de novembro em torno de USD 37/bbl, já superam os USD 48/bbl, alcançando maiores valores desde o mês de março/20. Como de praxe, os aumentos dos preços de óleo bruto impulsionam os ganhos nas commodities de derivados.

Nesse contexto, o preço do óleo diesel no mercado internacional teve alta de +R$0,23/L, desde o dia 12/11/20, último reajuste nos preços domésticos. Com isso, o cenário de defasagem já supera -R$0,30/L para operações na região Nordeste do país. Arbitragens seguem consistentemente fechadas, com operações de importação inviabilizadas em todos os portos do Brasil.

A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) ratifica que uma precificação alinhada à paridade internacional é fundamental para manter e atrair investidores, tornando o downstream brasileiro cada vez mais livre e competitivo. No cenário atual, a defasagem entre preços domésticos e de paridade tem inviabilizado a operação de trading companies.

Os diferenciais estão próximos às máximas do ano, nos níveis do mês de maio/2020, momento em que o país passava pelo pico da incerteza do consumo, decorrente das medidas mais restritivas de mobilidade da população. No entanto, dados de comercialização preliminares divulgados pelo Ministério de Minas e Energia, diferentes dos que foram apurados no início do ano, indicam que o volume de óleo diesel comercializado no Brasil em novembro já é 7% superior ao que foi comercializado no mesmo período do ano anterior.

Nos momentos de intensificação do consumo, considerando a escassez de oferta interna, a importação é fundamental para complementar o abastecimento de combustíveis no Brasil. Nesse sentido, a transparência na formação de preços de derivados no mercado doméstico é fundamental tanto para a consolidação do mercado competitivo quanto para a garantia da oferta de produtos no mercado interno, possibilitando o retorno da movimentação doméstica e seguindo o caminho da retomada da atividade econômica.

O reajuste anunciado pelo agente dominante do refino, com vigência a partir de amanhã, 26/11/2020, é insuficiente para cobrir a variação do mercado internacional do período. Com a alteração, os diferenciais podem cair para a faixa entre -R$0,22/L a -R$0,14/L, no entanto se mantém a inviabilidade das operações de importação em todos os portos do país. Para acompanhar a variação da paridade, a perspectiva de reajuste seria da ordem de +R$0,23/L.

A Abicom alerta para o risco de que, mantido o cenário atual de desestímulo às operações, a falta de competitividade no momento de forte reaquecimento da demanda, com poucos players operando, venha a penalizar o consumidor final.

 

Rio de Janeiro, 25 de novembro de 2020

Abicom – Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis